terça-feira, 20 de maio de 2025

Cobertura de Show: Saxon – 06/05/2025 – Bar Opinião/RS

Cobertura por: Renato Sanson

Fotos: Giovanni Maglia

O Saxon retornava a capital gaúcha após seis anos e desta vez trouxe a tour comemorativa do clássico “Wheels of Steel” de 1980, que seria executado na íntegra! As vezes que passou por POA não consegui assisti-los, mas no final de semana anterior pude conferir o show dos britânicos no Bangers Open Air e já estava ansioso por está apresentação, já que, no festival não foi possível tocar “Wheels of Steel” na íntegra. Em um set mais compacto, mas não menos poderoso.

Uma verdadeira instituição do Heavy Metal mundial ali diante dos nossos olhos!

Mas antes de iniciarmos dois pontos precisam ser salientados: a questão acessibilidade do Bar Opinião que de fato parou no tempo e segue péssima. O local escolhido pela casa para os PCD’s poderem assistir o show beira o ridículo (já mencionei isso em coberturas anteriores e seguirei insistindo). Péssimo localizado e horrível para se enxergar o palco se a casa já está com certo número de presentes e no caso de um show que lotou como o desta noite, piora e muito.

Pois ficamos encobertos pelos os demais fãs e só enxergamos camisetas pretas à frente. Isso tudo por quê? Porque o local não tem a estrutura necessária e nem a padronização de altura para que se possa ver o palco. No meu caso, sou da velha escola e consigo dar o meu jeito de assistir o show, mas neste dia notei que as pessoas ao meu redor que estavam neste péssimo local, mal enxergavam o palco. Um desrespeito total, pois essas pessoas pagaram para estar ali e sabemos que o valor dos ingressos são elevados e você pagar para não ver nada é sacanagem.

Outro ponto em questão que beira o ridículo é a tal da “pista vip” em um local como o Bar Opinião, que, não tem uma estrutura para ter essa manobra de lucrar mais. O local em si já é uma grande pista com mezanino. Mas mesmo assim trazem a tal “vip” e os fãs vão lá e pagam por uma estrutura que deixa a desejar.

Voltando a noite metálica, além do Saxon tivemos as suíças do Burning Witches e a abertura da banda paulista URDZA de São Paulo.

Por volta das 19h30min os paulistas iniciam seu show e apresentam aquele típico Heavy Metal tradicional, guiado por melodias e bons riffs. Porém, as bandas de abertura sofrem sempre do mesmo mal, o som que não é satisfatório e isso prejudicou o URDZA que sofreu bastante, principalmente as guitarras que em muitos casos não se ouvia e também os vocais, que transitavam entre estar presente ou não. Uma pena, pois talento e personalidade mostraram que tem e muito jogo de cintura, pois mesmo com o mundo desabando não perderam a postura e entregaram um bom show dentre as possibilidades apresentadas.

Com o palco já montado e usando a estrutura do URDZA a Burning Witches chega a capital com seu Heavy mais melodioso e épico, com as meninas esbanjando simpatia e entrosamento. O som também não estava bom, parecia que tudo estava em mono, sem força, sem pressão, sem peso. Inclusive a abertura com “Unleash the Beast” não tínhamos as guitarras da dupla Courtney Cox e Simone Van Straten, que eram inexistentes e isso se refletia no palco, pois a bela frontwoman Laura Guldemond berrava para poder se ouvir.

Sem muitas melhoras sonoras o show seguiu e mostrou uma banda já polida ao vivo, trazendo muita energia e com ótimas musicistas. Mas de fato, a péssima qualidade de som tirou o brilho da apresentação das meninas que poderia ser muito mais impactante.

Após a curta apresentação da BW estávamos com um Bar Opinião lotado e meio apreensivos no quesito qualidade sonora, mas que foi embora logo de cara com a abertura de “Hell, Fire and Damnation” um som limpo, pesado e muito bem equalizado saiam dos PA’s e mostrava que os velhinhos que estão na “terceira idade” continuam tendo muita lenha para queimar.

É impressionante pensar que: Biff Byford (vocal - 74 anos), Doug Scarrat (guitarra - 65 anos), Brian Tatler (guitarra, (Diamond Head) - 65 anos), Nibbs Carter (baixo - 58 anos) e Nigel Glockler (bateria - 72 anos) entregam mais que um show, mas sim um épico! Seja em desempenho, seja em não usando partes pré-gravadas (como muitas bandas por aí que nem veteranas são), não usando a famosa telinha para o vocalista ler as letras...

É simplesmente o bom e velho Saxon destilando veneno sem artifícios. Cru, pesado e rico em melodias. Faltam elogios!

Então imagina para um show de 22 músicas! Isso mesmo, 22 músicas foram executadas nesta noite inesquecível em Porto Alegre e fez muito marmanjo chorar.

Dentre elas “Power and Glory”, “Backs to the Wall”, “Heavy Metal Thunder”, “The Eagle Has Landed”...

Isso somente para citar algumas da primeira parte, já que, a segunda parte do show tivemos o clássico “Wheels of Steel” em sua totalidade e falar o que de um álbum que só tem pedrada? “Motorcycle Man”, “Stand Up and Be Counted”, “Freeway Mad”, a faixa titulo e por ai vai...

Um show único e que fez a alegria dos headbangers mais antigos e fez muitos reviverem suas adolescências estando ali diante de seus ídolos.

Uma banda entrosada, sem espaço para falhas e muito comunicativos com os fãs. Biff é um dos maiores frontmans do mundo e uma das melhores vozes do Rock, interage, agita e leva emoção a plateia com suas interpretações únicas. A dupla Doug e Brian parecem que já tocam a séculos juntos e fazem tudo com precisão em uma chuva de riffs e solos memoráveis. O peso da cozinha cuidada por Nibbs e Nigel traz a agressividade e a diversificação necessária.

Os velhinhos voltam para o ato final de seu show, mas sem antes com mais um momento marcante, onde dois fãs atiram seus coletes em palco e Biff e Doug os veste para encerrar essa noite única em que tivemos a honra de presenciar.

Um encerramento digno de soluçar com: “Crusader”, “Denim and Leather”, “And the Bands Played On” e “Princess of the Night”. Alma lavada e penso ser difícil nos próximos vinte anos ter um show que supere esse do Saxon em terras gaúchas!

 

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Arde Rock: Hard Rock e Rock & Roll Inclusivo

 


“Seja com limitações, até onde você pode chegar?”

Com essa chamada a Arde Rock lançou seu o vídeo para a música “Encontrar as Respostas” - que está no seu mais recente álbum, “Seguir em Frente” - e não por acaso o clipe foi disponibilizado no dia 02/04, dia nacional de conscientização sobre o autismo.

Seguindo a característica marcante da banda em construir letras com mensagens positivas e de superação, usando experiências pessoais e da vivência do dia a dia, “Encontrar as Respostas” em seu enredo conta uma história em que o personagem, mesmo com suas dificuldades e limitações, vai perseguindo o seu sonho, buscando se encaixar. 


Todos temos algum tipo de dificuldade ou limitação, alguns mais que os outros, temos nossas lutas internas, e creio que cada um verá algo de si na história que se passa no vídeo,ou pelo menos lembrará de alguém próximo. 

A metáfora da máscara que o personagem usa, ficou bem interessante, e deixa a abertura para interpretações. Pode ser uma proteção que ele criou ao seu redor, e a busca ainda da sua identidade e onde se encaixa no mundo. 

Ele está procurando respostas, e chegamos então ao que diz a letra da música, e destaco aqui o refrão “Atos são fatos e falam à alma, para encontrar as respostas é preciso ter calma.” 


De comunicação simples, fala a todos, e sem ultrapassar aquela barreira que leva a “positividade tóxica” que muitos incorrem, a Arde Rock procura levar mensagens e energia positiva e renovadora através da música, que é uma das melhores terapias que existem. 

A banda também já é conhecida pelo trabalho que faz nas escolas, levando a música e profissionais da saúde para falar sobre questões importantes de bem estar mental e inclusão social.

Música é remédio para a alma, e na bula não tem contra indicações. Use Rock & Roll e Arde Rock sem moderação! (Bom, de volume talvez, dependendo da ocasião hahahaha).

Confira o vídeo no canal do YouTube da Arde Rock, lembrando também que os três álbuns da banda estão nas principais plataformas.



“Arde Rock desde 2008 levando o VELHO ROCK, criando motivos para que todos tenham ALGO A ZELAR e inspirando pessoas a SEGUIR EM FRENTE.”

Texto: Caco Garcia 
Fotos: Divulgação e Arquivo da banda 

domingo, 18 de maio de 2025

Cobertura de Show: Foreigner – 10/05/2025 – Espaço Unimed/SP

O tempo frio, nublado e chuvoso de sábado, dia 10 de maio, não deixou as pessoas sossegadas em casa. Muito pelo contrário: as ruas e os comércios estavam tomados por gente comprando, de última hora, o presente das mães para o dia seguinte. Mas, além disso, muitos rumaram ao bairro da Barra Funda para assistir a dois shows. Não, não fui ver o System of a Down, que foi a escolha da maioria. Sendo diferente de todos, optei, é claro, pelo show do Foreigner.

Formada em 1976, com nove álbuns de estúdio e cerca de 80 milhões de discos vendidos, a banda é uma das mais bem-sucedidas da história do rock. Além disso, ajudou a definir o estilo AOR ao lado de nomes como Journey e Toto. Quer mais? Eles também são responsáveis por uma das músicas mais famosas do mundo, “I Want to Know What Love Is”, que, tenho certeza, você já ouviu em algum lugar – numa festa, na rádio ou até no ambiente de uma loja.

A última vez que o Foreigner veio ao Brasil foi em 2013, ou seja, quase 12 anos sem a presença deles por aqui. O Espaço Unimed, local escolhido para essa tão esperada volta, não atingiu sua lotação máxima, mas recebeu um público bem expressivo. Como se trata de uma banda de outra época, arrisco dizer que a maioria das pessoas ali tinha entre 50 e 60 anos. Poucos eram menores de 30 ou estavam por volta dessa idade. Ainda assim, havia gente de todas as gerações na plateia, mostrando que o grupo conseguiu conquistar novos fãs ao longo do tempo. E a grande surpresa da noite foi a participação de Lou Gramm, vocalista original da banda, que se afastou dos palcos por motivos de saúde.

Os vocalistas Eric Martin e Jeff Scott Soto, muito queridos pelos brasileiros, trouxeram o melhor de suas carreiras como uma forma rápida de recarregar as energias antes do grande momento da noite.

Acompanhados por BJ (que fez backing vocal, guitarra e teclado), Leo Mancini (guitarra), Henrique Canale (baixo) e Edu Cominato (bateria) – integrantes do Spektra –, Eric foi o primeiro a reviver alguns dos momentos mais marcantes ao lado do Mr. Big. Começou com a animada “Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song)”, seguida por “Take Cover”, uma faixa mais calma. Esse clima mais introspectivo permaneceu até o final do show, com baladas como “Wild World”, “Shine” e “Green-Tinted Sixties Mind”.

Comparando com a última vez em que vi Eric com o Mr. Big – no último show da banda no Brasil durante o Summer Breeze – ele se saiu melhor desta vez. Naquele momento, achei sua voz abaixo do esperado. Agora, com o apoio do Spektra (como mencionado), ele conseguiu dar um gás extra às músicas. Para Edu Cominato, foi como estar em casa: ele teve a oportunidade de tocar com o Mr. Big nos últimos shows da banda. No geral, foi uma participação agradável e bastante proveitosa.


Se Eric distribuiu carisma com leveza, Jeff Scott Soto foi o oposto. Sua entrada com “This House Is on Fire”, faixa do novo álbum do W.E.T., APEX – lançado em março –  deixou todo mundo empolgado. Depois veio “I’ll Be Waiting”, do Talisman, um dos maiores hits dele, que fez todo mundo cantar junto na hora certa – virou tradição quando ele interpreta essa música ao vivo. Ainda rolou um medley incrível com “Warrior” e “Fool, Fool”, relembrando os tempos em que Jeff fazia parte da banda do guitarrista Axel Rudi Pell.

É impressionante pensar que, quase chegando aos 60 anos, Jeff ainda mantém uma voz impecável. Prova disso foi a clássica “Crazy”, cover de Seal, que mostrou toda sua versatilidade e como consegue encaixar seu talento em diferentes estilos musicais. Depois veio “Alive”, do Sons of Apollo; no entanto, por algum motivo – talvez uma brincadeira – Jeff e seus parceiros do Spektra não conseguiram executá-la após três tentativas frustradas. No lugar dela entrou “Separate Ways”, do Journey.

O encerramento ficou por conta de dois duetos entre Jeff e Eric, cada um cantando uma música marcante de suas carreiras. “Livin' the Life”, que fez parte da trilha sonora do filme Rock Star, chegou a levantar suspeitas de uma participação de Jeff Pilson no palco antes de finalizar com “To Be with You”, sucesso nas rádios e um verdadeiro clássico.

Exatamente às 22h em ponto, sob uma iluminação eletrônica cheia de luzes pulsantes, o Foreigner entrou no palco com força total. Começaram com hits dos anos 70: “Double Vision” e “Head Games”, que receberam uma recepção calorosa graças à performance impecável dos músicos, dando para perceber como seria a noite.

Atualmente, ninguém na banda faz parte da formação original. A dupla de guitarristas, contendo Bruce Watson e mais um que não consegui identificar o nome, está entre os pontos altos dessa fase atual, entregando riffs e solos incríveis – até mais pesados e impactantes do que nas versões originais.

E o baixista Jeff Pilson? Conhecido pelos trabalhos com Dokken e Dio, ele foi praticamente o maestro da noite: circulava pelo palco interagindo com os colegas e mostrou ser muito mais do que um excelente baixista, mas também um ótimo pianista. Sua participação em “Cold as Ice”, um dos maiores sucessos da banda nessa noite, foi emocionante quando as vozes da plateia começaram a se levantar.

Mas quem realmente roubou a cena foi Luis Maldonado, responsável pelos vocais principais nesta turnê devido à impossibilidade de Kelly Hansen sair dos EUA por problemas com visto. E esse cara cantou demais! Foi algo fora do comum.

O setlist seguiu com famosa “Waiting for a Girl Like You”, trazendo um clima mais romântico e aconchegante naquela noite fria. Depois veio “That Was Yesterday”, com seus teclados marcantes que deixaram todo mundo em transe, preparando o terreno para as divertidas “Dirty White Boy” e “Feels Like the First Time”, que fizeram muita gente dançar.

Em “Urgent”, o palco foi tomado por um espetáculo de luzes vibrantes e explosões de fumaça. Logo em seguida, o tecladista Michael Bluestein e o baterista Chris Frazier assumiram o centro das atenções com seus respectivos solos.

Com a banda completa novamente no palco, “Juke Box Hero” foi a deixa não só para os momentos finais do show, mas também para a entrada do grande convidado da noite. Bastou Lucas pegar mais um microfone e posicionar um pedestal ao seu lado para que o público começasse a chamar por Lou Gramm, e ele apareceu para cantar os versos finais da música.

Ao adentrar no palco, já deu para notar sua dificuldade de locomoção. Sua voz até soou bem, embora distante dos tempos áureos, o que já era de se esperar. Mas só o fato de vê-lo ali, mesmo que por alguns instantes, já fez tudo valer a pena.

“Long, Long Way From Home” foi o pedágio para o grande momento da noite, com a nada menos que “I Want to Know What Love Is”. Vê-la cantada ao vivo pela voz original arrancou prantos da maioria dos presentes. “Hot Blooded” encerrou a apresentação de forma animada.

O show foi uma parte importante da turnê de despedida da banda. É uma decisão compreensível, embora também cause uma certa tristeza, já que foi a última oportunidade de assistir ao vivo aos clássicos que fizeram parte desse espetáculo e que marcaram época. Daqui por diante, só nos resta guardar com carinho essa noite inesquecível na memória e continuar celebrando o legado deles através das músicas que nos conquistaram ao longo do tempo.




Edição/Revisão: Gabriel Arruda


Realização: Mercury Concerts



Eric Martin – setlist:

Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song)

Take Cover

Wild World

Shine

Green-Tinted Sixties Mind


Jeff Scott Soto – setlist:

This House Is on Fire / I'll Be Waiting

Warrior / Fool Fool

Crazy (Seal cover)

Separate Ways (Worlds Apart) (Journey cover)


Jeff Scott Soto / Eric Martin – setlist:

Livin' the Life

To Be With You


Foreigner – setlist:

Double Vision

Head Games

Cold as Ice

Waiting for a Girl Like You

That Was Yesterday

Dirty White Boy

Feels Like the First Time

Urgent

Juke Box Hero (com Lou Gramm)

Long, Long Way From Home (com Lou Gramm)

I Want to Know What Love Is (com Lou Gramm)

Hot Blooded (com Lou Gramm)

Cobertura de Show: BEAT – 09/05/2025 – Espaço Unimed/SP

Fui ao show da BEAT sem saber exatamente o que esperar, e saí com a certeza de ter testemunhado algo raro, poderoso e memorável.

A formação do grupo já impressiona por si só: Adrian Belew (guitarra) e Tony Levin (baixo), pilares da icônica fase oitentista do King Crimson, se unem a dois gigantes da música – Steve Vai (guitarra, ex-Alcatrazz, ex-David Lee Roth e ex-Whitesnake) e Danny Carey (bateria, Tool) – para reinterpretar, com brilho e respeito, uma das fases mais ousadas do rock progressivo.

Mais do que um tributo, o BEAT é uma celebração viva do legado do King Crimson dos anos 80. Belew e Levin trouxeram autenticidade e alma, enquanto Vai e Carey assumiram – com maestria e personalidade – os desafiadores papéis de Robert Fripp e Bill Bruford. O resultado foi uma performance tecnicamente impecável, carregada de energia, emoção e uma fidelidade impressionante ao som original sem soar engessada ou nostálgica demais.

O repertório percorreu a trilogia Discipline, Beat e Three of a Perfect Pair, alternando momentos densos e experimentais com canções mais acessíveis e cativantes. A construção do setlist foi cirúrgica, com os grandes destaques reservados para a segunda metade, como um lado B que explode de intensidade e recompensa.

O clima da apresentação era hipnótico – uma atmosfera psicodélica envolvente do começo ao fim. Mesmo com sua sonoridade nada convencional, a banda conseguiu prender a atenção do público com facilidade. Cada música parecia crescer em camadas, revelando a complexidade das composições e o entrosamento absurdo entre os músicos.

Aplaudidos de pé, o BEAT entregou mais que um show: foi uma experiência única, um encontro de mestres que transformaram nostalgia em vanguarda. Saí de lá com a sensação de ter participado de algo histórico – e, sinceramente, já torcendo para que essa turnê ganhe vida longa


Texto: Leticia Spizirri

Fotos: Reinaldo Canato / Ricardo Matsukawa

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Mercury Concerts

Press: Catto Comunicação


BEAT – setlist 1:

Neurotica

Neal and Jack and Me

Heartbeat

Sartori in Tangier

Model Man

Dig Me

Man With an Open Heart

Industry

Larks' Tongues in Aspic (Part III)


BEAT – setlist 2:

Waiting Man

The Sheltering Sky

Sleepless

Frame by Frame

Matte Kudasai

Elephant Talk

Three of a Perfect Pair

Indiscipline

Bis

Red

Thela Hun Ginjeet

sábado, 17 de maio de 2025

Cobertura de Show: Simple Minds – 04/05/2025 – Espaço Unimed/SP

Na noite do dia 4 de maio de 2025, o Simple Minds desembarcava em São Paulo para o show que aconteceria no Espaço Unimed, um de seus destinos na Global Tour.

Sendo uma das bandas mais icônicas e cheias de hits que embalaram os anos 80, o retorno do grupo à capital paulista foi muito aguardado por uma geração de fãs “veteranos”, que estavam ali desde o começo e viram os lançamentos acontecerem na época – e também pela nova geração, que redescobriu o som oitentista por meio de filmes, séries, playlists digitais ou até pela família com ótimo gosto musical.

O público estava visivelmente ansioso e emocionado: muitas famílias, pessoas de outros estados e até de países estrangeiros!

Logo no início do show, quando os primeiros acordes de "Waterfront" explodiram pelos alto-falantes, a banda já entrou totalmente enérgica e potente. Estava claro que eles queriam estar ali naquela noite – e o resultado foi um show incrível do início ao fim.

Além da presença magnética de Jim Kerr (vocal) e da entrega incrível de Charlie Burchill (guitarra), duas figuras que chamaram muita atenção do público, não só pelo carisma e dedicação, mas também pelo talento, foram a baterista Cherisse Osei e a backing vocal Sarah Brown. Duas energias incríveis juntas – foi realmente uma surpresa para todos ali e, com certeza, um show à parte. Muita entrega a todo momento, muita energia e emoção.

Nadando contra a maré e contrariando o que muitos pensam, apesar de ser uma banda tida como “antiga”, o Simple Minds provou que é extremamente atual, inclusivo e que, assim como tudo, soube se reinventar – mostrando que juntos fazem o show ser único e vibrante. Realmente uma experiência que vale muito a pena viver.

Os fãs também não deixaram a desejar, participando ativamente de cada música: dançando, cantando, batendo palmas e interagindo sempre com a banda. E, claro, ao se aproximar do fim do espetáculo, vieram os clássicos – e até quem não era superfã reconheceu os longos e estendidos acordes de “Don’t You (Forget About Me)”, a mais famosa canção da banda. Cada verso foi cantado com tanta força e vontade que, por um instante, o Simple Minds se tornou apenas coadjuvante. Jim, visivelmente comovido, apenas regia a plateia que entoava os tradicionais “la-la-la-la-la”... Ao fim da música, a banda se despede rapidamente – e, como em todo show, claro, vieram os bis.

O grupo volta ao palco e toca mais quatro músicas, entre elas os clássicos "Someone Somewhere (In Summertime)" e "Alive & Kicking", quase explodindo o coração de todo mundo e fechando o show com chave de ouro.

Jim, emocionado, agora se despede de verdade, mas deixa a promessa de que voltarão – e esperamos que seja o quanto antes.




Edição/Revisão: Gabriel Arruda


Realização: Mercury Concerts



Simple Minds – setlist:

Waterfront

The Signal and the Noise

Speed Your Love to Me

Big Sleep

Hypnotised

This Fear of Gods

She's a River

See the Lights

Once Upon a Time

I Wish You Were Here

All the Things She Said

Don't You (Forget About Me)

Ghost Dancing

Bis

Dolphins

Someone Somewhere in Summertime

Alive and Kicking

Sanctify Yourself

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Cobertura de Show: Bangers Open Air – 04/05/2025 – Memorial da América Latina/SP

O último dia de festival chegou com um sentimento ambíguo: alegria e tristeza. Alegria porque muitas das bandas escaladas para este dia eram consideradas verdadeiras lendas, e a ansiedade para ver nomes como W.A.S.P, Blind Guardian, Kerry King (Slayer), Avantasia e Destruction era palpável. Por outro lado, a melancolia do último dia já pairava no ar, antecipando a saudade e a expectativa pela próxima edição, confirmada para os dias 25 e 26 de abril do ano que vem.

Assim como na jornada anterior, iniciei o dia no Sun Stage, acompanhando a apresentação do Black Pantera. A banda vem solidificando sua crescente base de fãs no Brasil com uma poderosa fusão de Hardcore, Punk e Heavy Metal. Esse crossover explosivo, aliado a letras que abordam conflitos sociais e a luta antirracista, cria uma experiência única. A oportunidade de tocar no Bangers Open Air representou mais um marco na trajetória de mais de uma década do Black Pantera.

O trio – formado pelos irmãos Charles Gama (guitarra/baixo) e Chaene da Gama (vocal), e Rodrigo “Pancho” Augusto (bateria) – incendiou o público com faixas como “Perpétuo”, “Fogo nos Racistas” e “Sem Anistia”, esta última agraciada com o mosh das minas Outro momento emocionante foi a “Tradução”, composta em homenagem à mãe dos irmãos Gama e já indispensável em qualquer apresentação da banda.

Black Pantera – setlist:

Candeia

Provérbios

Padrão é o Caralho

Seleção Natural

Ratatatá

Mosha

Perpétuo

Fogo nos Racistas

Sem Anistia

Tradução

Revolução é o Caos

Boto pra Fuder




No Hot Stage, a primeira banda que consegui prestigiar foi a alemã Lord of the Lost, seguida pela apresentação do Beyond the Black, que despertou grande curiosidade, especialmente por conta da carismática vocalista Jennifer Haben.

Sobre o Lord of the Lost, a banda já havia marcado presença na primeira edição do festival, ainda sob o nome Summer Breeze. Conhecidos por sua versatilidade sonora, que mescla elementos do industrial e do gótico e pelo visual impactante, os alemães entregaram uma performance cativante, contrastando a energia da música com a estética sombria de seus integrantes.

Lord of the Lost – setlist:

The Curtain Falls

The Future of a Past Life

Loreley

Destruction Manual

For They Know Not What They Do

Raining Stars

Six Feet Underground

Born With a Broken Heart

Live Today

Die Tomorrow

Drag Me to Hell

We're All Created Evil

Blood & Glitter



Mesmo sob o calor intenso do início da tarde, similar ao dia anterior, o som denso e melancólico dos americanos do Paradise Lost ecoou pelo festival. Considerada uma das pioneiras do Doom Metal e dona de três álbuns que considero clássicos do gênero – Draconian Times, One Second e Symbol of Life – a banda presenteou os fãs com as memoráveis "Enchantment", a faixa-título "One Second", o cover de "Small Town Boy" (Bronski Beat) e "The Last Time", apesar de eventuais problemas de equalização que fizeram o som soar estourado em alguns momentos.

Certamente, foi uma apresentação que gerou muitos comentários e elogios, especialmente por marcar o retorno da banda ao Brasil após cerca de sete anos, o que explica a calorosa recepção.

Paradise Lost – setlist:

Enchantment

Forsaken

Pity the Sadness

Faith Divides Us - Death Unites Us

Eternal

One Second

The Enemy

As I Die

Smalltown Boy (Bronski Beat cover)

The Last Time

No Hope in Sight

Say Just Words


Mais uma vez no Sun Stage, palco onde aconteceram os shows mais intensos do dia, o Vader, uma das maiores forças do Death Metal europeu, deixou os fãs completamente empolgados. 

Durante a apresentação, houve rodas de pogo e moshes bem animados a cada música do repertório, incluindo "Wings", "Triumph of Death" e "Unbending". No mesmo palco, o lendário Nile também fez uma apresentação inesquecível, embora eu tenha perdido por causa de um conflito de horários. Antes deles, também teve uma banda nacional importante tocando no mesmo palco: o Dorsal Atlântica.






O Kamelot voltou, dessa vez no Hot Stage, ao palco para substituir o I Prevail, que cancelou sua participação no festival com apenas duas semanas de antecedência. Dessa vez, eles não fizeram o mesmo show do dia anterior, trazendo algumas mudanças no setlist, como a inclusão de músicas como "Opus of the Night (Ghost Requiem)", "The Human Stain" e a clássica "Center Of The Universe". 

A abertura foi com "Phantom Divine (Shadow Empire)", que contou com a participação de Adrienne Cowan, que mais tarde cantou com o Avantasia.

Kamelot – setlist:

Phantom Divine (Shadow Empire)

Rule the World

Opus of the Night (Ghost Requiem)

Insomnia

Sacrimony (Angel of Afterlife)

The Human Stain

Center of the Universe

New Babylon

Forever

March of Mephisto






Uma grande expectativa pairava sobre o Ice Stage, onde o público aguardava ansiosamente por Kerry King e sua nova banda, um dos shows mais aguardados do dia e de todo o festival.

Apesar do hiato do Slayer, o icônico guitarrista não permaneceu inativo e formou um novo grupo com nomes de peso do Thrash Metal, como o vocalista Mark Osegueda (do Death Angel), o baixista Kyle Sanders (do Hellyeah), o guitarrista Phil Demmel (ex-Machine Head) e seu ex-companheiro de Slayer, Paul Bostaph, na bateria. Foi com essa formação estelar que Kerry lançou o álbum From Hell I Rise.

O álbum, que considero superior aos últimos trabalhos do Slayer, foi executado quase integralmente. As músicas levaram um breve tempo para engajar completamente o público, mas, no geral, a apreciação em vê-las ao vivo foi notável. Os clássicos do Slayer vieram em seguida: "Disciple", seguida por "Killers" do Iron Maiden em homenagem ao saudoso Paul Di'Anno, elevaram ainda mais a energia do show. Outros hinos como "Raining Blood" e "Black Magic” proporcionaram o ápice do caos na apresentação. Insano, em resumo.

Kerry King – setlist:

Where I Reign

Rage

Trophies of the Tyrant

Residue

Two Fists

Idle Hands

Disciple (Slayer)

Killers (Iron Maiden cover)

Shrapnel

Raining Blood (Slayer)

Black Magic (Slayer 

From Hell I Rise






Mal houve tempo para respirar e a multidão se dirigiu em massa para o Hot Stage, onde o Blind Guardian se preparava para subir ao palco. A banda alemã integrou a programação juntamente com seus compatriotas do Destruction, após o cancelamento do Knocked Loose e do We Came as Romans. Essa mudança inesperada se revelou uma ótima surpresa, sem desmerecer as bandas que tiveram imprevistos em suas agendas, naturalmente.

A recepção não poderia ter sido mais efusiva, demonstrando o profundo apreço do público brasileiro pelo grupo. O vocalista Hansi Kürsch exibiu sua habitual gentileza, enquanto o restante da banda demonstrou uma sintonia impecável e uma entrega impressionante. O show também reservou um momento especial, com o público cantando parabéns para o guitarrista André Olbrich, que celebrou mais um ano de vida no dia anterior.

Comparado à primeira edição, o setlist passou por alterações significativas. Naquela ocasião, o grupo executou o álbum Somewhere Far Beyond na íntegra. Desta vez, apenas a icônica “The Bard's Song - In the Forest” foi mantida, e cantada em uníssono pela plateia. Além dela, foram resgatadas “Mordred's Song” e “Tanelorn (Into the Void)”, ausentes dos shows da banda por quase uma década, além das indispensáveis “Imaginations from the Other Side” – que frequentemente abre suas apresentações –, “Valhalla” e “Mirror, Mirror”, músicas que reafirmam o status do Blind Guardian como uma das bandas mais importantes do gênero.

Blind Guardian – setlist:

Imaginations From the Other Side

Blood of the Elves

Mordred's Song

Violent Shadows

Into the Storm

Tanelorn (Into the Void)

Bright Eyes

Time Stands Still (At the Iron Hill)

And the Story Ends

The Bard's Song - In the Forest

Mirror Mirror

Valhalla





Após seis longos anos de espera, finalmente uma das maiores bandas de Hard Rock da história, o W.A.S.P., estava de volta ao Brasil.

Apesar dos comentários sobre a performance vocal de Blackie Lawless – em parte justificáveis, dado o uso ocasional de playback em algumas músicas –, isso não diminuiu a intensidade da apresentação, que, sem dúvida, foi o ponto alto não apenas do dia, mas de todo o festival. E o motivo? A banda entregou tudo, absolutamente tudo o que os fãs ansiavam. O primeiro álbum, um dos pilares do Hard Rock, foi executado quase integralmente com maestria. De "I Wanna Be Somebody" a “The Torture Never Stops”, não houve um sequer espectador que não cantasse junto e demonstrasse reações de incredulidade, o que resume a magnitude do momento.

A formação atual conta com os talentosos Doug Blair (guitarra), Mike Duda (baixo) e o baterista brasileiro Aquiles Priester (bateria). A convite de Blackie, Aquiles subiu ao centro do palco para um breve bate-papo com o público em vez de um tradicional solo de bateria. Foram poucos minutos, mas suficientes para testemunhar sua felicidade em tocar em seu país natal com uma das bandas mais lendárias da história.

Após a execução quase completa do álbum de estreia, a banda presenteou o público com mais alguns clássicos, como "Forever Free", “The Headless Children", "Wild Child" e "Blind in Texas", adicionando ainda mais emoção a um show pelo qual todos esperavam há anos.

W.A.S.P – setlist:

I Wanna Be Somebody

L.O.V.E. Machine

The Flame

B.A.D.

School Daze

Hellion

Sleeping (in the Fire)

On Your Knees

Tormentor

The Torture Never Stops

The Real Me

Forever Free / The Headless Children

Wild Child

Blind in Texas






As duas últimas atrações do dia vieram diretamente da Alemanha. O caos retornou ao Sun Stage com o Destruction, banda seminal do Thrash Metal alemão, ao lado de outros gigantes do "Big 4" teutônico como Kreator, Sodom e Tankard. Ainda fresco na memória dos fãs brasileiros, já que se apresentaram aqui há menos de um ano, o Destruction preparou uma apresentação especial no Bangers, executando na íntegra seu álbum de estreia, Infernal Overkill, além de sucessos como “Nailed to the Cross”, “Mad Butcher” e “Thrash ‘Til Death”. Não há palavras para descrever a energia que Schmier (vocal, baixo e único membro original) – acompanhado por Damir Eskic e Martin Furia (guitarras) e Randy Black (bateria) – emanou, contagiando a todos.

Para não deixar passar a oportunidade, assisti a uma parte da apresentação do Avantasia, a ópera metal idealizada pelo vocalista do Edguy, Tobias Sammet. A banda cresceu significativamente nos últimos anos, tanto musical quanto visualmente. Seus shows costumam apresentar cenários elaborados, que reforçam a narrativa lírica de cada tema abordado nos álbuns – sendo o mais recente Here Be Dragons, lançado neste ano.

Além disso, o grupo é acompanhado por músicos e cantores de excelência, incluindo participações de artistas que já haviam se apresentado no festival, como Tommy Karevik (do Kamelot), que cantou “The Witch”; Ronnie Atkins (do Pretty Maids), que emprestou sua voz a “Twisted Mind”, “The Scarecrow” e “Let the Storm Descend Upon You”, e Eric Martin (do Mr. Big) em “Dying for an Angel”. A novidade ficou por conta da presença de Jeff Scott Soto, que substituiu Kenny Leckremo, ausente devido a compromissos com o H.E.A.T na América Latina.

O setlist incluiu ainda a inédita “Creepshow”, “The Toy Master”, a belíssima “Farewell” e “Death Is Just a Feeling”, preparando o terreno para o bis com as icônicas “Lost in Space”, “Sign of the Cross” e “The Seven Angels”, com todos os vocalistas reunidos no palco em um momento apoteótico.

Enfim, mais uma edição inesquecível chega ao fim. Assim como nas anteriores, os elogios e a satisfação, tanto pelo line-up, organização e todos os demais aspectos envolvidos foram evidentes, o que nos deixa ainda mais animados e ansiosos pela quarta edição no ano que vem. Que 2026 nos reserve mais uma experiência incrível, repleta de emoção, pois o Bangers Open Air não é apenas um festival, é a válvula de escape para os verdadeiros amantes da música pesada.






Texto: Gabriel Arruda 

Fotos: Edu Lawless

Edição/Revisão: Gabriel Arruda


Realização: Consulado do Rock

Press: Agência Taga


Avantasia – setlist:

Creepshow

Reach Out for the Light (com Adrienne Cowan)

The Witch (com Tommy Karevik)

Devil in the Belfry (com Herbie Langhans)

Dying for an Angel (com Eric Martin)

Twisted Mind (com Ronnie Atkins e Eric Martin)

Avalon (com Adrienne Cowan)

The Scarecrow (com Ronnie Atkins)

The Toy Master

Shelter from the Rain (com Jeff Scott Soto)

Farewell (com Chiara Tricarico)

Let the Storm Descend Upon You (com Ronnie Atkins e Herbie Langhans)

Death Is Just a Feeling

Bis

Lost in Space

Sign of the Cross / The Seven Angels